Em Minas: uma sinfonia de desenvolvimento econômico e conservação na Serra da Mantiqueira

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Nas entranhas das terras mineiras, a Serra da Mantiqueira guarda um tesouro líquido único: a maior coleção e variedade de água mineral do mundo. Aqui, nas montanhas que beiram o céu, brota a fonte da vida em suas mais diversas formas, um presente generoso da natureza para o deleite e essencial para a vida

Um projeto que visa conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação da Serra da Mantiqueira em Minas Gerais está em curso há oito anos. Chamado de Projeto Águas da Mantiqueira, é uma colaboração entre a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) e a Fundação Toyota do Brasil (FTB). Esta área é reconhecida como uma das mais ricas em biodiversidade do mundo pela Revista Science.

O principal objetivo do projeto é promover o desenvolvimento econômico sustentável em três municípios sulmineiros – Sapucaí-Mirim, Gonçalves e Baependi – onde está sendo desenvolvido, enquanto preserva a área. Em São Paulo, o projeto também está presente em três polos: Santo Antônio do Pinhal, São Francisco Xavier (distrito de São José dos Campos) e Águas da Prata.

A Serra da Mantiqueira é conhecida por sua abundância e diversidade de água mineral, incluindo águas ferruginosas e sulfurosas, valorizadas por suas propriedades medicinais. Cerca de 60% de seu território está em Minas Gerais, 30% em São Paulo e 10% no Rio de Janeiro.

O projeto envolve um extenso trabalho de pesquisa, focado em inventários de biodiversidade e recursos hídricos. Os resultados dessa pesquisa são utilizados para orientar o planejamento territorial da região, levando em consideração as características ecológicas das áreas naturais, e definir diretrizes para o desenvolvimento socioeconômico, garantindo ao mesmo tempo a conservação da biodiversidade e o fornecimento contínuo de água para as comunidades locais e para milhões de pessoas que dependem das águas da Serra.

O planejamento territorial integra áreas naturais, rurais e urbanas, visando garantir serviços ecossistêmicos, como abastecimento de água e regulação do clima. Também analisa a influência na sustentabilidade das áreas rurais e urbanas, levando em conta aspectos como biodiversidade, agricultura, educação, resíduos sólidos e turismo.

Além dos 30 pesquisadores dedicados ao projeto, os recursos financeiros, equipamentos e trabalho para o desenvolvimento são fornecidos pela Fundação Toyota do Brasil e pela Fundepag. O Coordenador Técnico do Projeto, José Roberto Manna de Deus, destaca que a missão das duas fundações promove a sustentabilidade tanto no meio rural quanto no urbano, facilitando a criação de políticas públicas eficazes em parceria com os governos locais e as comunidades.

O projeto também se concentra no manejo sustentável da água, considerando que a Serra da Mantiqueira é lar de muitas espécies da Mata Atlântica e possui a maior concentração de água mineral do planeta, capaz de abastecer mais de 7,5 milhões de pessoas diariamente. Busca-se atender ao 6º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, garantindo disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento até 2030, além de alcançar acesso universal a água potável e segura.

Para isso, o projeto trabalha no planejamento territorial em 196 bacias hidrográficas e em um programa de restauração ecológica e biocultural em 50 hectares, principalmente em áreas de preservação permanente. Isso envolve estudos de biodiversidade para práticas de manejo que facilitem a regeneração natural de áreas degradadas e promovam o retorno da fauna e flora típicas da Mata Atlântica.

Além de contribuir para a sustentabilidade e segurança hídrica, essa restauração também promove programas de interpretação da natureza, aumentando o conhecimento público sobre a biodiversidade e os valores econômicos, psicológicos e intrínsecos da natureza.