Exército brasileiro em alerta! Venezuela e Guiana batalham pelo petróleo de Essequibo e mobilizam tropas brasileiras em Roraima

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Conflito territorial entre Venezuela e Guiana acende sinal de alerta no Brasil
Exército mobiliza forças para garantir segurança e diplomacia ativa

Em uma manobra cuidadosamente cronometrada entre as crises simultâneas na Ucrânia e em Israel para evitar os holofotes internacionais, a Assembleia Nacional da Venezuela deu luz verde para um referendo nacional – que será realizado no próximo domingo, 3 – e determinará o futuro do território de Essequibo, na Guiana. O único problema é que Essequibo não faz parte da Venezuela. A região, reconhecida internacionalmente como parte da vizinha Guiana, é rica em petróleo e constitui cerca de dois terços da extensão daquele país.

Apesar da disputa antiga sobre Essequibo, a ação provocativa da Venezuela levou a Guiana a buscar o apoio da Corte Internacional de Justiça, acirrando as tensões. A Guiana afirma que as atuais fronteiras estabelecidas em 1899 por um tribunal internacional durante a era colonial britânica devem permanecer em vigor. Por outro lado, a Venezuela afirma que o rio Essequibo demarca naturalmente a fronteira, rejeitando a decisão de 1899 como “nulo e sem efeito”.

O governo brasileiro, sempre comprometido com a promoção da paz e a cooperação interamericana, está ativamente buscando uma solução diplomática para evitar uma escalada do conflito. Paralelamente, como medida de precaução, o Exército Brasileiro iniciou uma mobilização de tropas na fronteira com a Venezuela, uma ação preventiva diante dos relatórios de inteligência que indicam uma possível invasão venezuelana na Guiana.

A disputa é pelo petróleo, ouro e outros minerais

Com uma área superior à de nações como Inglaterra, Cuba ou Grécia, Essequibo é um território repleto de minerais e outros recursos naturais cuja diversidade é uma das maiores do mundo. Tanto a Guiana como a Venezuela percebem oportunidades económicas notáveis ​​em Essequibo.

A recente discussão sobre o estatuto de Essequibo está inegavelmente ligada à descoberta de vastas reservas de petróleo na região. Desde 2015, empresas petrolíferas como a ExxonMobil, Chevron, BP, TotalEnergies e empresa local SISPRO descobriram 46 campos de petróleo na Guiana. A Guiana pode ter depósitos de petróleo superiores a 11 bilhões de barris o que, se for explorado, tornará a sua população mais rica do que as do Kuwait ou dos Emirados Árabes Unidos.

No início do ano passado, toneladas de ouro foram detectadas em um poço conhecido como Wenot. “Essequibo é uma região com muitos recursos minerais. Além do petróleo, há muito ouro”, observa o geógrafo Temitope Oyedotun, da Universidade da Guiana. “Existem também outros recursos minerais como diamantes, bauxita, manganês e urânio”, revelou.

Para Reybert Carrillo, geógrafo da Universidade dos Andes, um dos recursos naturais mais importantes é a extensa rede de afluentes do Essequibo que abriga uma grande variedade de peixes e cachoeiras de até 200 metros. Destaca os recursos hídricos da região, Carrilo afirma que “existem rios como o Potaro, com grande potencial para gerar energia hidrelétrica. Dentre as nove cachoeiras, as Cataratas Kaieteur com queda livre de até 227 metros, são até cinco vezes mais altas que as Cataratas do Niágara, localizadas entre os EUA e o Canadá”.

Carrillo acredita ainda que os recursos hídricos de Essequibo podem ser vitais para o futuro. “Pelo que se projeta com a crise climática e a escassez de água, ter uma rede de rios como a que tem este território poderia ser muito importante”, explica. “Acho que esse será o recurso mais importante por várias décadas.”

Estratégia brasileira une diplomacia e preparação militar

A mobilização emergencial do Exército Brasileiro em Roraima envolveu o posicionamento de veículos blindados multitarefa e tanques Leopard, uma clara indicação da seriedade com que o Brasil está tratando a situação com vistas à proteção do território nacional.

O papel do Brasil é estratégico e desafiador neste momento delicado para as relações internacionais na América do Sul. O país enfrentará a tarefa de equilibrar a necessidade de segurança fronteiriça com seu papel tradicional de promover a paz e a cooperação entre os estados americanos, um equilíbrio crucial em tempos de incertezas e tensões internacionais.

O Ministério da Defesa informou nesta quarta-feira, 29, que acompanha situação entre Venezuela e Guiana e que as ações de defesa “têm sido intensificadas” na região da fronteira, ao Norte do país. Segundo o Ministério, houve reforço de militares na região.

Invasão pode desencadear grave conflito na região

Apesar das ameaças, contudo, Maduro parece subestimar as possíveis repercussões da anexação do território guianense. No meio de preocupações de segurança global e de crises na Ucrânia, Israel e na Ásia-Pacífico, os EUA não irão tolerar outro conflito, especialmente próximo de seu território. Washington já manifestou o seu apoio à Guiana, com o vice-secretário de Estado, Brian Nichols, reafirmando o direito da Guiana de desenvolver os seus recursos.

O conflito territorial entre Venezuela e Guiana e a subsequente mobilização brasileira têm chamado a atenção da comunidade internacional. Com os Estados Unidos apoiando a Guiana e a Rússia, como fornecedora de armas da Venezuela, observando atentamente, há uma preocupação crescente de que este conflito possa escalar para uma crise semelhante à situação entre Ucrânia e Rússia.

A China, que tem um interesse especial em países como Brasil e Venezuela, locais onde tenta estabelecer empresas ligadas à infraestrutura, logistica, comércio e indústrias pesadas, questiona se os Estados Unidos terão capacidade de estabelecer uma nova frente de batalha. Aparentemente os chineses enxergam como complicado que os militares dos Estados Unidos apoiem outro aliado além de Ucrânia e Israel.. Na midia chinesa a pergunta é: “Após os campos de batalha na Europa (Rússia-Ucrânia) e no Oriente Médio (Israel-Palestina), os Estados Unidos têm a capacidade de abrir uma terceira frente de batalha na América do Sul?”

Apenas para recordar, dois casos demonstram como atitudes como essa, para salvar um regime em declínio, não acabaram bem: a invasão das Malvinas pela Junta Argentina em 1982 e a invasão do Kuwait por Saddam Hussein em 1990. Nenhuma das duas deu certo e, ao contrário, aceleraram o processo de dissolução de antigos regimes totalitários em ambos países.

Tríplice fronteira Brasil–Venezuela–Guiana no topo do monte Roraima

Tríplice fronteira Brasil–Venezuela–Guiana Uiramutã em Roraima

Com informações do Ministério da Defesa, Forbes e BBC