Minas Gerais em alta: projeto de terras raras em Poços de Caldas atrai investimento bilionário

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Primeiras sondagens da australiana Viridis Mineração indicam que reservas podem conter
as maiores concentrações de elementos já registrada no mundo

O governador Romeu Zema acompanhou a formalização de um acordo de investimento entre o Governo de Minas e a empresa australiana Viridis Mineração e Minerais, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, nesta quinta-feira, 29. A Viridis Mineração e Minerais compromete-se a investir R$ 1,35 bilhão na região, onde evidências preliminares sugerem a presença de grandes reservas e teores particularmente altos de elementos de terras raras (ETRs), possivelmente entre os mais elevados do mundo.

“Nos últimos cinco anos, testemunhamos mais de R$ 390 bilhões em investimentos privados, essenciais para o progresso de Minas. Esses investimentos foram cruciais para elevar a participação do estado na economia brasileira de 8,8% para 9,5%. Ganhar participação de mercado é uma tarefa árdua, e avançamos consideravelmente nessa direção”, explicou Romeu Zema.

O acordo estabelece a implantação do Projeto Colossus, visando desenvolver a mineração de terras raras e outros elementos na região. Esses elementos são essenciais na fabricação de componentes e equipamentos de alta tecnologia utilizados em setores como eletroeletrônicos, aeroespaciais e de geração de energia renovável.

“Isso é crucial para integrar Poços de Caldas na nova matriz global de energia verde”, enfatizou Rafael Moreno, CEO da Viridis Mineração e Minerais. “Nosso objetivo é garantir que Poços de Caldas, Minas Gerais, Brasil e Austrália se tornem pilares na transição para o uso de energia limpa no mundo. Agradecemos todo o apoio do Governo de Minas e da comunidade até o momento, enquanto trabalhamos arduamente no rápido desenvolvimento deste projeto de impacto global”, concluiu Moreno.

O investimento inclui a construção de uma planta de beneficiamento e tratamento de minérios local, com previsão de criar cerca de 120 empregos permanentes, além de agregar valor ao produto. Isso também pode impulsionar a atração de outras empresas que utilizam esses elementos como matéria-prima, fortalecendo a cadeia produtiva e gerando mais empregos e recursos para investimentos em melhorias e serviços em Minas Gerais.

Estima-se que a planta, com 70 licenças em uma área de 15 mil hectares, inicie suas operações entre 36 e 48 meses. As pesquisas em Poços de Caldas continuam, e os primeiros resultados são promissores, de acordo com a avaliação inicial dos investidores.

A Invest Minas, agência de promoção de investimentos vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), observa que atualmente a China domina 90% do mercado de terras raras. Com o investimento atraído para Minas Gerais, há potencial para influenciar a oferta global desses elementos, consolidando o estado e o país em mais um mercado estratégico.

“O investimento na construção de uma planta de beneficiamento e tratamento de minérios local não só agrega valor ao produto, mas também amplia a atração de outras empresas que utilizam esses elementos como matéria-prima. Isso fortalece a cadeia produtiva e gera mais empregos e receita”, ressaltou Fernando Passalio, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico.

O que são terras raras?

Gadolínio, Neodímio, Európio, Ítrio, Térbio, Lantânio e Disprósio. Embora seus nomes sejam pouco conhecidos, esses elementos já estão presentes na vida de muitas pessoas em componentes de smartphones. Eles fazem parte de um grupo de elementos chamados “terras raras”, que compartilham propriedades similares e são frequentemente encontrados em áreas próximas a vulcões extintos, como Poços de Caldas.

A extração desses elementos é desafiadora, pois eles ocorrem misturados com vários outros minerais e requerem processos de separação complexos. Portanto, quanto maior o teor encontrado, mais viável se torna sua extração.

Além de smartphones, esses elementos são utilizados em componentes de aeronaves, telas de LCD, placas solares, turbinas eólicas, dispositivos de raio-X, discos rígidos de computadores, veículos elétricos, dispositivos a laser e na separação de elementos do petróleo.

“É impossível imaginar alta tecnologia sem terras raras atualmente. Com o avanço da tecnologia, a demanda global por esses elementos só tende a crescer. Portanto, este investimento representa uma oportunidade significativa para Minas Gerais se posicionar como um polo mundial nesse setor”, afirmou João Paulo Braga, diretor-presidente da Invest Minas.

Mais investimentos e empregos

Este não é o primeiro investimento em terras raras atraído pelo Governo de Minas. Em agosto do ano passado, a também australiana Meteoric Resources NL anunciou um investimento de R$ 1,18 bilhão em um projeto de extração de argila iônica, onde foram identificados elementos do grupo das terras raras.

A empresa ainda está nas fases iniciais de estudos e sondagens na área e espera iniciar a operação da planta produtiva até 2026, gerando 700 empregos na região. Este empreendimento é outro exemplo do potencial de Poços de Caldas.

Anteriormente, o governador de Minas visitou a nova fábrica da Lamesa Fios e Cabos Elétricos em Poços de Caldas. A empresa, 100% nacional, é uma das principais fabricantes de cabos de cobre e alumínio do país. Foram investidos R$ 200 milhões na instalação da unidade fabril.

“Poços de Caldas é uma cidade competitiva que está se desenvolvendo, não apenas industrialmente, mas também no turismo. O aumento na ocupação e no número de turistas na cidade demonstra que é possível conciliar o desenvolvimento industrial com o turístico, um campo no qual nosso estado lidera o crescimento no Brasil”, observou Zema.