Citricultura de montanha no Sul de Minas avança. Crescimento e desafios motivam migração de produtores paulistas

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Minas Gerais está testemunhando um notável avanço na citricultura, com destaque para as regiões Sul e do Campo das Vertentes, que emergem como polos promissores no cultivo de frutas cítricas. A denominada “citricultura de montanhas” vem ganhando terreno nessas áreas, impulsionada por fatores como clima, altitude e localização estratégica, tornando-se um atrativo para produtores, especialmente aqueles que migraram de São Paulo.

A pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Ester Ferreira, destaca que os planaltos ondulados, com altitudes variando de 500 a 1300 metros, caracterizam o polo da citricultura de montanhas em Minas Gerais. Cidades como Madre de Deus, Piedade das Gerais, Minduri, Andrelândia, São Vicente de Minas e Cruzília têm se destacado nesse cenário.

A ameaça do greening [doença que deforma e mata as frutas] em São Paulo motivou a migração de produtores para essas regiões mineiras, mas a pesquisadora alerta que o manejo adequado é crucial, independentemente da localidade escolhida. Ela ressalta que a citricultura é uma atividade perene e a região já conta com cerca de 10 produtores, a maioria migrantes de outros estados.

O crescimento expressivo da produção é evidenciado pelo aumento da área plantada, que saltou de 82 hectares em 2012 para impressionantes 1,51 mil hectares em 2022. O volume produzido atingiu 31,51 mil toneladas, englobando diversas variedades de laranjas, limões e tangerinas. A localização estratégica próxima a grandes centros consumidores, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, aliada à malha viária eficiente, contribui para o escoamento bem-sucedido da produção.

Um exemplo de sucesso é o produtor Antônio Carlos Simoneti, que migrou de São Paulo para Minduri, no Sul de Minas, em 2014. Com a altitude, infraestrutura e clima favoráveis, seu plantio de 100 mil plantas cresceu para 800 mil. Simoneti destaca a importância do apoio do governo para capacitação da mão de obra, fiscalização e controle do greening, além de investimentos em pesquisa.

Apesar do potencial promissor, a citricultura enfrenta desafios climáticos em Minas Gerais, como ondas de calor impactando a safra de 2024. Produtores, como Simoneti, estão respondendo a esses desafios com a implantação de sistemas de irrigação para mitigar os impactos das temperaturas elevadas. O calor é um fator a ser gerenciado para garantir a sustentabilidade do setor citrícola no sul de Minas Gerais.

Fotos: arquivo de Antônio Simoneti e Emater-MG