Do Vale da Eletrônica para o Vale do Jequitinhonha: energia solar leva água e esperança ao sertão mineiro

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Adeus caminhão-pipa só quando o sol resolve: tecnologia de startup de Santa Rita do Sapucaí leva água a quem mais precisa no Norte de Minas

Uma solução criada em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, está transformando a realidade de famílias no norte do estado. A startup MM Sol desenvolveu um kit fotovoltaico que resolveu de vez o problema de abastecimento de água na comunidade rural de Córrego dos Brejos, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha.

O sistema, que funciona com energia solar, foi instalado há cerca de um ano e já garantiu o fornecimento de mais de 5 milhões de litros de água para 12 famílias da região. Antes disso, os moradores enfrentavam dificuldades diárias: dependiam de caminhões-pipa ou usavam água do córrego local, muitas vezes sem condições ideais para consumo.

A ideia inovadora surgiu a partir de uma parceria entre o Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (Idene) e o Seed Gov, programa do Governo de Minas que incentiva startups com foco em impacto social e inovação. A MM Sol foi a empresa escolhida para o desafio de levar uma solução simples, eficiente e sustentável para ativar o poço artesiano da comunidade.

“O poço já existia, mas não funcionava direito por causa das limitações de energia elétrica. A gente entrou com uma alternativa solar e, desde então, o sistema tem funcionado todos os dias, sem custo de energia para os moradores”, conta Matheus Mendonça, fundador da MM Sol.

O kit criado pela startup envia água do poço até um reservatório a 300 metros de distância. O sistema ainda desliga automaticamente quando o reservatório enche, evitando desperdício. A capacidade diária de bombeamento é de até 17 mil litros de água.

Além do conforto e segurança para o consumo doméstico, a chegada da água mudou a rotina da agricultura familiar local. O agricultor Jerdan Prates cultiva hortaliças e produz alimentos como biscoitos, colorau e temperos, que são vendidos para programas como o PAA e o PNAE – responsáveis pela merenda de escolas públicas.

“Antes, a gente dividia uma conta de luz que batia quase R$ 500 por mês. Agora, com a energia solar, não temos mais essa preocupação e temos água todos os dias, até o fim da tarde”, comemora Jerdan.

Para o Governo de Minas, esse tipo de parceria mostra como a tecnologia pode ser uma grande aliada para resolver problemas antigos, especialmente em regiões mais vulneráveis. “Essa ação mostra que estamos atentos às necessidades reais das pessoas. E a inovação tem muito a contribuir”, destaca Henrique Oliveira Carvalho, diretor-geral do Idene.