Pesquisadores transformam células mortas em xenobots capazes de se mover, curar e se replicar, abrindo caminho para avanços na medicina regenerativa
Cientistas descobriram que células de organismos mortos podem, sob condições específicas, reorganizar-se em novas formas multicelulares com funções além de suas origens. A descoberta revela um “terceiro estado” da vida, situado entre a vida e a morte.
Pesquisadores mostraram que células da pele de sapo podem ser transformadas em xenobots, organismos microscópicos capazes de se mover, reparar danos e até se replicar, sem precisar crescer. Esse fenômeno destaca a surpreendente resiliência celular, já que algumas células permanecem viáveis horas ou até semanas após a morte, dependendo de fatores como necessidades metabólicas e métodos de preservação.
Estudos indicam que glóbulos brancos humanos podem sobreviver até 86 horas, enquanto células musculares de ratos foram regeneradas depois de duas semanas. Durante esse período, as células frequentemente ativam genes relacionados ao estresse para compensar a perda de equilíbrio interno, sugerindo que a morte pode desencadear novas formas de organização celular.
Essa capacidade adaptativa desafia a ideia de que os processos vitais seguem caminhos predeterminados. Para a medicina, as implicações são significativas. Cientistas vislumbram o uso de construções multicelulares, como xenobots ou “anthrobots” derivados de células humanas, para administrar terapias direcionadas. Essas estruturas poderiam, por exemplo, desobstruir artérias ou reparar tecidos danificados sem provocar respostas imunológicas.
Os pesquisadores ressaltam que esses organismos se degradam naturalmente após algumas semanas, reduzindo o risco de crescimento descontrolado. Ao explorar os limites deste terceiro estado, a ciência abre novas possibilidades para a medicina regenerativa e oferece uma perspectiva inédita sobre os conceitos de vida e morte.