IA, robótica e métodos não invasivos elevam a precisão e a rapidez de diagnósticos e terapias
O uso de inteligência artificial (IA), robótica e dispositivos não invasivos está promovendo uma verdadeira revolução na medicina diagnóstica e terapêutica, tanto no cenário global quanto no Brasil. Entre as inovações, uma tecnologia nacional chamou a atenção por alcançar resultados inéditos na medição não invasiva da pressão intracraniana, obtendo a menor margem de erro já registrada entre métodos semelhantes no mundo, segundo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O estudo, conduzido com participação internacional, analisou um número recorde de pacientes. De acordo com o diretor científico da pesquisa, Gustavo Frigieri, o sistema desenvolvido no país apresentou desempenho superior ao de todas as alternativas não invasivas atualmente disponíveis.
O método consiste em um sensor acoplado à cabeça do paciente, capaz de captar mínimas expansões da caixa craniana a cada batimento cardíaco. As informações são processadas por uma plataforma de IA, que gera relatórios em tempo real para apoiar decisões médicas. O grande diferencial está na análise detalhada da morfologia do pulso da pressão intracraniana, permitindo detectar alterações antes mesmo que elas sejam perceptíveis pelos parâmetros tradicionais.
Avanços também na cardiologia
A cardiologia é outra área que vem incorporando tecnologias de última geração. Sistemas robóticos permitem a realização de procedimentos como a inserção de stents de forma remota, reduzindo a exposição dos profissionais à radiação. Além disso, pesquisas avançam no desenvolvimento de marca-passos biológicos e no uso de células-tronco geneticamente modificadas para regular o ritmo cardíaco. Outra frente de estudo explora o controle da atividade cardíaca por meio de pulsos luminosos.
No Brasil, unidades cardio-intensivas já investem na integração dessas ferramentas com o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), o que facilita a troca de informações entre equipes multidisciplinares e aprimora a personalização dos tratamentos.
Endoscopia mais precisa com inteligência artificial
Na endoscopia digestiva, a IA vem sendo aplicada em três frentes principais:
-
CADe: detecção auxiliada por computador para identificar alterações;
-
CADx: diagnóstico auxiliado por computador para caracterizar lesões e antecipar resultados;
-
CADq: avaliação da qualidade do exame, garantindo melhor preparo e interpretação das imagens.
Os endoscópios de última geração contam com sensores de até 850 mil pixels, possibilitando ampliar imagens em até 150 vezes e identificar lesões de dimensões microscópicas.
Outra inovação é a cápsula endoscópica, um dispositivo ingerível que mede apenas 11 por 26 milímetros. Ela registra imagens coloridas de alta definição do trato gastrointestinal a cada meio segundo, com autonomia de bateria de até oito horas. Essa tecnologia é especialmente útil para examinar regiões de difícil acesso, como o intestino delgado, e já mostrou eficácia no diagnóstico de sangramentos de origem desconhecida.
Imagens mais detalhadas com NBI
O uso da tecnologia de imagem por banda estreita (NBI) também avança na detecção de lesões. Baseada no uso de filtros espectrais nas cores vermelha, verde e azul, a técnica permite observar padrões vasculares e mucosos sem a necessidade de corantes. Como a hemoglobina absorve luz em comprimentos de onda específicos, o NBI oferece uma visualização muito mais precisa das estruturas, superando a endoscopia convencional em diversos casos.
Com esses avanços, a medicina brasileira se aproxima cada vez mais de um cenário no qual diagnósticos serão mais rápidos, menos invasivos e com potencial de salvar mais vidas.