O Instituto Argonauta realizou a soltura de pinguins-de-magalhães e um lobo-marinho-sul-americano
reabilitados pela equipe do PMP-BS no Litoral Norte de São Paulo
Animais reabilitados pelo Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha, no âmbito do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), retornaram ao habitat natural após passarem por tratamento no Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) em Ubatuba.
No dia 7 de outubro, a equipe do PMP-BS, operada pelo Instituto Argonauta, celebrou uma nova etapa na reabilitação de fauna marinha com a soltura de oito pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) e um lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis), resgatados em praias da região. Após um extenso processo de reabilitação, que incluiu avaliações veterinárias, tratamentos especializados, e protocolos de bem-estar animal, os animais estavam aptos para retornar ao meio ambiente.
Segundo a médica veterinária Raquel Beneton Ferioli, foram realizados diversos exames para garantir a saúde dos animais, como testes clínicos e laboratoriais. Os pinguins, por exemplo, precisavam demonstrar comportamento típico da espécie e apresentar plumagem impermeável.
A soltura ocorreu a cerca de 115 km da costa, com apoio do INPE, que ajudou a definir o local com base na posição da Corrente do Brasil, facilitando o retorno dos pinguins ao seu habitat natural, como explicou Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto Argonauta. A empresa Mineral Engenharia e Meio Ambiente forneceu a embarcação utilizada para o transporte dos animais.
Antes de serem soltos, os animais foram identificados. O lobo-marinho recebeu um microchip e uma marcação no pelo, enquanto os pinguins foram identificados individualmente com microchips. Essa prática ajuda no monitoramento futuro dos animais em caso de novos resgates ou estudos científicos.
A soltura desses animais não apenas contribui para a preservação da biodiversidade marinha, mas também apoia os esforços de pesquisa e conservação do Instituto Argonauta, que trabalha com reabilitação de pinguins desde 2012.
Temporada 2024
A temporada dos pinguins-de-magalhães na região começou em maio, com um pico entre julho e agosto. Dos 371 pinguins resgatados, cerca de 16% chegaram vivos, mas muitos não resistiram após o resgate devido ao estado debilitado. Ao contrário da crença popular, esses pinguins não são espécies polares e enfrentam dificuldades durante a migração, o que leva muitos deles a chegarem enfraquecidos às praias.
O lobo-marinho resgatado nesta temporada foi encontrado em Ilhabela, apresentando sinais de desnutrição e exaustão, sendo prontamente encaminhado para o CRD, onde recebeu tratamento intensivo.
Conservação
De acordo com a Lista Vermelha da IUCN, tanto o pinguim-de-magalhães quanto o lobo-marinho-sul-americano estão classificados como “pouco preocupantes”, mas ainda enfrentam ameaças como pesca acidental e mudanças ambientais. A recuperação e soltura desses animais são fundamentais para a preservação dessas espécies e para o equilíbrio ecológico.
Instituto Argonauta
Fundado em 1998, o Instituto Argonauta, reconhecido como OSCIP em 2007, dedica-se à conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos, promovendo ações de pesquisa, resgate, reabilitação de fauna e educação ambiental.
PMP-BS
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), conduzido pelo Ibama, monitora os impactos das atividades de extração de petróleo sobre aves, tartarugas e mamíferos marinhos. O Instituto Argonauta é responsável pelo monitoramento de trechos entre São Sebastião e Ubatuba.
Mais informações estão disponíveis no site do Instituto Argonauta.