Rara e ameaçada, jabuticaba-branca é cultivada em Cambuí, no sul de Minas, para evitar extinção

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A fruta mais rara do Brasil é preservada em Cambuí: tem casca verde, nome indígena e pode até tratar asma

Um dos frutos mais raros do Brasil, e pouco conhecido fora do país, está ganhando espaço em Cambuí, no sul de Minas Gerais. Trata-se da jabuticaba-branca (Myrciaria aureana), uma espécie nativa da Mata Atlântica que impressiona pela coloração incomum e sabor suave. Diferente da jabuticaba tradicional, de casca roxa, essa variedade tem casca e polpa em tons de amarelo-esverdeado, mesmo quando está madura.

A jabuticaba-branca é uma árvore de pequeno porte, que atinge cerca de cinco metros de altura, e cresce em áreas preservadas da Serra da Mantiqueira e em trechos do Rio de Janeiro. Também chamada de ibatinga — nome de origem tupi-guarani que significa “fruta branca” —, ela é considerada uma das espécies frutíferas mais raras do país.

Registros históricos e botânicos revelam que, no início dos anos 2000, havia apenas seis exemplares silvestres conhecidos em todo o território nacional: três em Guararema (SP), um em Carmo de Minas (MG) e dois no estado do Rio de Janeiro (Paraty e Conceição de Macabu).

Preocupados com o risco de extinção, o fotógrafo Silvestre Silva e o psicanalista Flávio Carvalho Ferraz lideraram uma iniciativa para preservar a espécie. Juntos, conseguiram cultivar cerca de 180 mudas em Cambuí, que estão sendo distribuídas para colecionadores, produtores rurais e instituições ligadas à botânica.

Rica em vitaminas B e C, ferro, fósforo e cálcio, a jabuticaba-branca tem sabor doce, levemente ácido, e pode ser consumida ao natural ou utilizada em receitas de geleias, vinhos, doces e sorvetes. Comunidades tradicionais também atribuem à fruta propriedades medicinais, especialmente para aliviar sintomas de asma e outras doenças respiratórias.

Apesar dos esforços de preservação, o cultivo da jabuticaba-branca ainda é considerado desafiador. A planta exige cuidados específicos e não sobrevive fora de áreas protegidas, o que reforça a importância da conservação ambiental para manter viva essa preciosidade da flora brasileira.