Armadilha inteligente auxilia no controle do mosquito da dengue
Pesquisadores do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), localizado em Santa Rita do Sapucaí (MG), desenvolveram um dispositivo inovador para capturar e monitorar fêmeas do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, febre amarela, zika e chikungunya. O equipamento combina tecnologia de internet das coisas (IoT), câmeras de alta resolução e inteligência artificial para identificar o inseto sem impactar outras espécies.
O protótipo do dispositivo foi desenvolvido como parte de um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em parceria com os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e das Comunicações (MC). O estudo foi publicado na revista científica Sensors.
Tecnologia para Monitoramento Epidemiológico
Segundo Samuel Baraldi Mafra, professor do Inatel e coordenador do projeto, a armadilha foi criada para auxiliar órgãos de vigilância epidemiológica no controle da proliferação do Aedes aegypti, especialmente em áreas urbanas de difícil acesso. O equipamento possui um formato dodecaédrico, com 50 centímetros de altura, e funciona por meio de um sistema inteligente que integra diferentes tecnologias.
Os mosquitos são atraídos para a armadilha por uma solução composta de água, açúcar e feromônio. Uma câmera embutida, equipada com visão noturna e diurna, captura imagens dos insetos em tempo real. Um algoritmo de inteligência artificial processa as imagens e identifica as espécies, diferenciando o Aedes aegypti de abelhas e borboletas, por exemplo.
Quando o sistema identifica um Aedes aegypti, ventoinhas frontais são ativadas automaticamente, direcionando o mosquito para um recipiente com líquido viscoso, onde ele fica retido. Se um inseto não-alvo for detectado, ventoinhas traseiras são acionadas para expeli-lo, garantindo a preservação de espécies não nocivas, como as abelhas.
Precisão e Eficiência no Controle do Mosquito
A armadilha também conta com um módulo de posicionamento global (GPS), permitindo o monitoramento remoto e em tempo real de sua localização. Esse sistema facilita a análise de movimentação e densidade populacional dos mosquitos, oferecendo dados estratégicos para ações de controle epidemiológico.
Testes conduzidos em laboratório e em áreas abertas, como praças e córregos de Santa Rita do Sapucaí, mostraram que o dispositivo tem uma taxa de precisão de 97% na identificação do Aedes aegypti, 100% no caso das abelhas e 90,1% para borboletas. Os resultados laboratoriais foram confirmados pelos experimentos em campo.
Próximos Passos e Desenvolvimento
Os pesquisadores planejam aprimorar o design e reduzir os custos de produção para viabilizar a implementação do dispositivo em larga escala. O protótipo atual, desenvolvido no Laboratório de Ideação (Fab Lab) do Inatel, será adaptado para suportar condições climáticas adversas, como chuvas intensas e altas temperaturas, garantindo maior durabilidade e eficiência no combate ao mosquito da dengue.