Cidades do interior, como Itajubá e Santa Rita do Sapucaí, se consolidam como polos de alta tecnologia e impulsionam o crescimento da indústria aeronáutica
O setor aeronáutico em Minas Gerais vive um momento de forte expansão, com destaque para investimentos privados que somam R$ 1,1 bilhão nos últimos cinco anos. O crescimento acelerado, 16 vezes superior ao registrado no período anterior, é resultado direto do fortalecimento de polos industriais no sul de Minas, como em Itajubá e Santa Rita do Sapucaí.
Essas cidades formam verdadeiros clusters de tecnologia, reunindo atualmente 67 empresas voltadas à indústria aeronáutica e gerando cerca de 1.400 empregos diretos, com destaque para a Helibras — empresa líder mundial na fabricação de helicópteros.
De acordo com Ronaldo Alexandre Barquette, diretor de Atração de Investimentos da agência estadual Invest Minas, o sucesso da aviação mineira está atrelado ao alinhamento entre políticas públicas e iniciativas privadas. “Os aeroportos se tornaram importantes motores de desenvolvimento regional. Nosso objetivo é facilitar o acesso da população aos grandes centros e, assim, impulsionar a economia local”, afirmou.
Com uma economia cada vez mais diversificada, o estado registra crescimento no transporte aéreo de passageiros e cargas. Cidades como Juiz de Fora, Montes Claros e Uberaba também têm se destacado, com projetos em andamento para ampliação de seus terminais e maior oferta de voos.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o setor também se fortalece com a presença de empresas especializadas na manutenção de aeronaves e fornecimento de equipamentos de segurança e salvamento. Próximo aos aeroportos da Pampulha e de Confins (BH Airport), empresas como Gol e Azul mantêm centros de manutenção que ajudam a consolidar Minas como um hub estratégico da aviação.
Apesar dos avanços, Barquette aponta desafios, especialmente na atração de companhias aéreas interessadas em operar novas rotas regionais. Para isso, o estado tem apostado em políticas de incentivo, como a redução do ICMS sobre o querosene de aviação, com o objetivo de aumentar a concorrência e estimular a criação de novas linhas.
Com a estrutura da cadeia produtiva aeronáutica em funcionamento no sul de Minas, o foco agora se volta para a atração de fornecedores estratégicos ainda ausentes no território mineiro, como fabricantes de turbinas e componentes de aeronaves. “Já estamos em negociação com duas empresas do setor que podem dar início a um novo ciclo de investimentos no estado”, adiantou o diretor da Invest Minas.
Paralelamente, o governo estadual também atua para ampliar a malha aérea regional e internacional. Atualmente, Minas Gerais conta com voos regionais para 15 destinos e seis rotas internacionais conectando o estado a cidades como Fort Lauderdale e Orlando (EUA), Curaçao (Caribe), Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina).