De Nostradamus a João XXIII: o que os videntes do passado previram sobre o futuro da Igreja e da humanidade após a morte do atual Pontífice?

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Na Basílica de São Paulo em Roma estão os medalhões de todos os papas. O último medalhão foi ocupado por Francisco

A morte de um papa ou a transição no comando da Igreja Católica costuma reacender o interesse em antigas profecias que ligam o pontificado a eventos apocalípticos. Não é coincidência. A figura do papa, como líder espiritual de mais de um bilhão de católicos ao redor do mundo, está associada a elementos escatológicos — isto é, relacionados ao “fim dos tempos”, segundo o pensamento cristão.

As antigas profecias que, segundo estudiosos e místicos, teriam previsto outros eventos com precisão marcante da história da humanidade. Entre os nomes que ressurgem das brumas do tempo estão Michel de Nostradamus, São Malaquias, Benjamín Solari Parravicini e, também, as visões atribuídas ao Papa João XXIII. O que disseram essas figuras enigmáticas sobre o fim de um papado como o de Francisco — e o que virá depois?

São Malaquias e a profecia dos Papas: o último da lista

Entre as previsões que ganham destaque em momentos como esse, está a chamada “Profecia dos Papas” atribuída ao bispo irlandês São Malaquias no século XII. A lista composta por 112 lemas em latim para os papas, desde Celestino II (1143) até um suposto último pontífice que governaria nos tempos finais da humanidade.

A lista teria chegado ao fim com o Papa Francisco, identificado por muitos como o 112º nome da sequência. O lema associado a ele seria “Petrus Romanus” (Pedro, o Romano), indicando o último papa antes do Juízo Final. O texto final da profecia é sombrio: “Durante a perseguição final à Santa Igreja Romana, reinará Pedro o Romano, que apascentará o rebanho entre muitas tribulações, e após isso a cidade das sete colinas será destruída, e o Juiz terrível julgará o povo.”

Especialistas divergem sobre se Petrus Romanus seria um futuro papa ou um arquétipo espiritual. Alguns interpretam que o próprio Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, de ascendência italiana, poderia ser esse “Pedro Romano” – o último antes de um grande colapso da estrutura tradicional da Igreja.

A Igreja Católica nunca reconheceu oficialmente a do texto, embora São Malaquias tenha sido canonizado em 1190 e seja lembrado como santo e visionário, com registros de milagres e outras predições. A lista do Monge de Pádua – De magnis tribulationibus et Statu Ecclesiae de 1527 associa poucas palavras a cada um dos Papas após as menções de Malaquias, mas é menor, possuindo apenas os últimos 20 nomes. O último Papa da lista, Petrus Romanus, recebeu as seguintes palavras: “ele chegará a Roma de uma terra distante para encontrar tribulação e morte”. 

Cidade das Sete Colinas
Além de Roma, Istambul também é conhecida como a Cidade das Sete Colinas (em turco: Yedi tepeli şehir). Ela herdou esta denominação de Bizâncio e Constantinopla que, seguindo conscientemente o modelo de Roma, foi construída em sete colinas. Vale recordar que Istambul, a cidade das sete colinas, sofreu um terremoto de magnitude 6,2, três dias depois da morte do Papa Francisco.

As Centúrias de Nostradamus: o “papa fugido” e o fim de Roma

Além de Malaquias, principalmente o nome de Nostradamus costuma ressurgir em momentos de mudança no Vaticano. Famoso por suas centúrias escritas em versos enigmáticos – interpretados de diversas maneiras ao longo dos séculos uma delas menciona um “grande pontífice fugido”, associado a tempos de guerra, caos político e moral em declínio, alguns intérpretes destacam que Bento XVI , que renunciou, seria o papa fugido.

O médico e astrólogo francês do século XVI teria previsto a morte de um “pontífice muito velho”, o que muitos passaram a associar ao Papa Francisco, que faleceu aos 88 anos. Para alguns intérpretes contemporâneos, a figura de Francisco se encaixa nesse perfil: um papa popular, contestado por setores conservadores, defensor dos pobres e das periferias, que liderou a Igreja em meio a pandemia e crises globais. Com sua morte, dizem os estudiosos, inicia-se um período turbulento, com o surgimento de um sucessor envolto em controvérsias e divisões internas.

Interpretações dos textos de Nostradamus sugerem que, após a morte desse papa, surgiria um novo líder que “enfraqueceria sua sé”, ou seja, abalaria a autoridade da sede papal. Essa leitura tem sido aplicada ao próprio Francisco, visto por setores mais conservadores como um papa de orientação progressista, que rompeu com tradições e provocou mudanças internas na Igreja.

Outras interpretações apontam que seu sucessor seria um “romano de boa idade” ou ainda um “jovem de pele escura”, indicando uma possível mudança no perfil do papado — com um novo líder vindo de fora da Europa, talvez da África, Ásia ou Américas.

O termo “Papa Negro”, também presente em algumas leituras das centúrias de Nostradamus, tradicionalmente se refere ao Superior Geral da Companhia de Jesus — Jesuítas – ordem à qual Francisco pertencia. Esse título simbólico, para alguns intérpretes, pode representar uma influência oculta dentro do Vaticano, indicando a continuidade do poder jesuíta mesmo após a morte do papa argentino.

As centúrias também falam de turbulências na “Cidade das Sete Colinas”, metáfora tradicional para Roma e o Vaticano, com menções a crises internas e eventos dramáticos que poderiam atingir a estrutura da Igreja e seu papel no cenário geopolítico global.

Parravicini e os desenhos proféticos: o papa e a nova era espiritual

Benjamín Solari Parravicini, artista e vidente argentino do século XX, é conhecido por seus enigmáticos “psicografias” — desenhos acompanhados de frases curtas e poéticas. Muitas de suas obras fazem referência à Igreja Católica, a uma figura papal que “renuncia ao ouro” e à chegada de uma “nova luz espiritual” após um tempo de trevas.

Uma imagem particularmente intrigante mostra uma figura papal com a legenda: “O Papa deixará Roma no tempo da confusão”. Outro desenho anuncia: “Chegará um novo sol sobre a terra, após a dor, virá a luz”. Para os seguidores de Parravicini, isso indica que após a morte de Francisco, o mundo enfrentará um tempo difícil, mas que culminará em uma renovação espiritual e moral.

 

As profecias de João XXIII: visões de um futuro desafiador

Além das conhecidas profecias de Nostradamus, São Malaquias e Parravicini, há também as atribuídas ao Papa João XXIII, que oferecem uma perspectiva única sobre os eventos futuros. Segundo relatos, em 1935, enquanto servia como delegado apostólico na Turquia, o então Cardeal Angelo Roncalli teria recebido uma série de visões proféticas.

Essas mensagens foram posteriormente compiladas no livro As Profecias do Papa João XXIII, de Pier Carpi. As profecias abrangem desde eventos históricos, como a Segunda Guerra Mundial, até previsões sobre o futuro da humanidade. Entre os temas abordados estão:

  • Transformações na Igreja: Adoção de princípios mais inclusivos e ecumênicos
  • Avanços científicos: Desenvolvimentos significativos na biogenética e novas descobertas
  • Conflitos globais: Possíveis guerras e desafios à paz mundial
  • Aparição de um líder do Oriente: Referência a um “grande irmão do Oriente” que causaria impacto significativo no mundo.

Embora essas profecias sejam envoltas em mistério e não reconhecidas oficialmente pela Igreja, elas continuam a intrigar estudiosos e fiéis, oferecendo mais uma camada de reflexão sobre o futuro da fé e da humanidade.

Possíveis catástrofes pós-Papa Francisco nas profecias

As interpretações das profecias apontam para possíveis eventos catastróficos após a morte do Papa Francisco:

  • Destruição de Roma: A profecia de São Malaquias menciona que, após o reinado de Petrus Romanus, “a cidade das sete colinas será destruída”, referindo-se possivelmente a Roma, sede da Igreja Católica.
  • Conflitos Globais: As centúrias de Nostradamus sugerem que a morte de um pontífice idoso precederia a eleição de um “Papa Negro”, interpretado por alguns como um líder de origem africana, o que poderia coincidir com tensões raciais e políticas globais.
  • Perseguição Religiosa: As visões de Parravicini indicam um período de confusão e perseguição religiosa, com a Igreja enfrentando desafios internos e externos, levando a uma possível fragmentação da fé católica.
  • Crises Espirituais e Sociais: As profecias atribuídas a João XXIII mencionam uma “Igreja que se abrirá ao mundo”, enfrentando desafios como a aceitação de novas doutrinas e a aparição de um “grande irmão do Oriente” que causaria impacto significativo no mundo.

Apesar da falta de comprovação histórica e do caráter muitas vezes simbólico e ambíguo das previsões, o fascínio envolto em mistérios por profecias como as de São Malaquias, Nostradamus, Parravicini e João XXIII resistem ao tempo intrigando tanto fiéis quanto céticos. A cada transição papal, o interesse renasce — ora como objeto de estudo e debate, ora como reflexo das incertezas do mundo contemporâneo.

Seja como expressão da espiritualidade, seja como narrativa de mistério e destino, essas profecias continuam a provocar reflexão e alimentar discussões sobre o futuro da Igreja e da humanidade. Se o futuro pós-Francisco será realmente apocalíptico ou iluminador, só o tempo dirá. Mas uma coisa é certa: o mundo estará atento.