Chegada dos pinguins-de-Magalhães marca início da temporada em Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela

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Pinguim em reabilitação no Instituto Argonauta

O inverno no Litoral Norte de São Paulo traz uma visita especial: os pinguins-de-Magalhães. Originários da Patagônia, esses animais costumam aparecer na costa brasileira entre os meses de junho e setembro, em busca de alimento e águas mais quentes. A temporada de 2025 já começou, com os primeiros registros feitos pelas equipes do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), coordenado na região pelo Instituto Argonauta.

Nos últimos dias, foram encontrados 47 pinguins juvenis nas praias de Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. Quatro deles estavam vivos e foram encaminhados para atendimento especializado em centros de reabilitação em São Sebastião e Ubatuba. Os demais, encontrados já sem vida, passarão por análises para determinação das causas da morte.

Segundo o oceanógrafo Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto Argonauta e diretor do Aquário de Ubatuba, a chegada desses animais à costa sudeste é um fenômeno natural, mas que exige cuidados. “É fundamental que a população não tente manusear os pinguins. Em caso de avistamento, é preciso acionar imediatamente as equipes técnicas. Estamos preparados para prestar o suporte necessário”, explica.

  Pinguim encontrado na Praia de Itaguaçu

Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do PMP-BS no trecho entre São Sebastião e Ubatuba, destaca a importância do monitoramento diário realizado pelas equipes. “Durante esse período de migração, é comum encontrarmos juvenis debilitados. Nosso trabalho permite respostas rápidas e adequadas aos encalhes, sempre com o apoio da população”, afirma.

O PMP-BS realiza diariamente o monitoramento das praias paulistas, identificando e prestando atendimento a animais marinhos vivos ou mortos, como aves, tartarugas e mamíferos. Em caso de avistamento de um animal debilitado, a orientação é: não toque, não tente devolvê-lo ao mar, evite aglomerações e acione o atendimento especializado pelo número 0800-642-3341. Colocar o animal em caixas com gelo, alimentá-lo ou tentar resgatá-lo sem orientação pode agravar seu estado de saúde.

Sobre os pinguins-de-Magalhães

Classificados como “pouco preocupantes” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), os pinguins-de-Magalhães enfrentam, no entanto, uma série de ameaças que contribuem para a redução de sua população. Entre os principais fatores estão a poluição marinha, a sobrepesca e os efeitos das mudanças climáticas.

Alguns deles, após o processo de reabilitação, não conseguem retornar à natureza. Esses animais são acolhidos pelo Aquário de Ubatuba, em parceria com o Instituto Argonauta, onde recebem cuidados permanentes e ajudam na educação ambiental de visitantes. Uma das atrações do local é a alimentação interativa dos pinguins, que permite às crianças conhecerem de perto a espécie e aprenderem sobre sua conservação. O aquário também colaborou com o filme “Meu Amigo Pinguim”, baseado na história real de um pescador e o pinguim Dindin, resgatado pelo Instituto Argonauta no litoral brasileiro.

Conheça o Instituto Argonauta

Fundado em 1998 pela equipe do Aquário de Ubatuba, o Instituto Argonauta foi reconhecido oficialmente como entidade de utilidade pública municipal em 2024. A organização tem como missão a conservação do meio ambiente, com foco nos ecossistemas marinhos e costeiros. Suas atividades incluem pesquisa, resgate e reabilitação de animais marinhos, ações de educação ambiental e projetos voltados ao manejo de resíduos sólidos nos oceanos.

Sobre o PMP-BS

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) atende às exigências de licenciamento ambiental das operações da Petrobras na região, sob coordenação do Ibama. A iniciativa visa avaliar os impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo e gás natural sobre a fauna marinha. Presente em toda a costa entre Laguna (SC) e Saquarema (RJ), o projeto é dividido em 15 trechos, sendo o Instituto Argonauta responsável pelo monitoramento entre São Sebastião e Ubatuba (Trecho 10).

Com informações de Luanna Chaves