Abdome hostil’: entenda a cirurgia complexa feita em Bolsonaro e por que ela preocupa

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Reconstrução da parede abdominal de Bolsonaro exigeu cirurgia complexa, explica Sociedade Brasileira de Hérnia
Na foto, Dr. Gustavo Soares, presidente da SBH, durante cirurgia

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisou passar por uma cirurgia delicada no último domingo, 13, para reconstruir a parede abdominal. De acordo com os médicos, a região estava bastante danificada por causa de outras cirurgias anteriores e pelas complicações causadas pela facada que ele sofreu em 2018.

O cirurgião responsável, Dr. Claudio Birolini, explicou que o abdome de Bolsonaro apresentava muitas aderências — um tipo de tecido que se forma após cirurgias — e isso causou uma obstrução no intestino. Segundo ele, esse tipo de cirurgia é bastante desafiador por conta das condições do abdome, que já havia sido operado diversas vezes.

O presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia, Dr. Gustavo Soares, também comentou o caso. Ele explicou que a cirurgia de reconstrução da parede abdominal costuma ser necessária quando há muitas incisões anteriores ou hérnias reincidentes, como é o caso de Bolsonaro, que já tinha feito cirurgias para tratar o problema em 2018, 2019 e 2023.

“O que aconteceu com ele foi provavelmente uma nova hérnia e também aderências dentro da barriga. Essas duas situações podem causar a obstrução do intestino”, explicou o médico. “Na cirurgia, é preciso tratar tanto a hérnia quanto as aderências. Se cuidar só de uma parte, o problema pode voltar.”

Hérnia abdominal é comum

As hérnias na região abdominal são mais comuns do que muita gente imagina. Cerca de 20% a 25% dos adultos têm algum tipo de hérnia — o que representa cerca de 28 milhões de brasileiros. Existem vários tipos, como a hérnia incisional (que surge em cicatrizes de cirurgias anteriores), inguinal (na virilha), umbilical (no umbigo) e epigástrica (acima do umbigo).

Tecnologia ajuda, mas nem sempre pode ser usada

Hoje, graças aos avanços da medicina, muitas cirurgias podem ser feitas de forma menos invasiva, com pequenas incisões e uso de vídeo ou robôs. Isso ajuda na recuperação e diminui o risco de complicações. No entanto, em casos mais graves, como o de Bolsonaro, a cirurgia precisa ser feita de maneira tradicional, com uma abertura maior no abdome. Nesses casos, a recuperação costuma ser mais demorada.

Números do SUS

Dados da Sociedade Brasileira de Hérnia mostram que, apenas em 2024, foram feitas quase 350 mil cirurgias de hérnia no Brasil pelo SUS. A maioria foi programada com antecedência, mas mais de 38 mil foram de emergência. Dessas, apenas uma pequena parte — cerca de 0,6% — foi feita com técnicas menos invasivas.